quarta-feira, 27 de outubro de 2021

ESCRITAS SOLTAS



TAKE AWAY WORDS

 

 

 

 

 

 

Licínia Martins

Empresa

Leve as Letras para sua casa

 

Dióspiros

Lê-se num site da National Geographic o seguinte e cito, Os jardineiros sabem há muito tempo que o sexo dos dióspiros é complicado: as árvores fêmeas dão frutos, e os machos não.

É certo que não falo frequentemente com jardineiros, mas se soubesse disto imediatamente teria contactado o afamado sexólogo, Júlio Machado Vaz, para uma terapia in loco. É um fenómeno que acontece a muita gente (o sexo ser complicado) e os dióspiros merecem oportunidade de serem felizes. Quanto ao facto de serem as árvores fêmeas a dar frutos, what´s new? É a sina das mulheres. Uma dose dupla de cromossomas X e é o que dá. Alguém já explicou isto aos dióspiros? Eu estou verdadeiramente preocupada com este assunto. Dado que nutro uma verdadeira paixão por dióspiros e adoro o sabor e textura, não quero sequer pensar se os alegados constrangimentos sexuais vão afetar a reprodução. Já é mau o suficiente serem frutos de época que só podemos apreciar no Outono. O que é que os jardineiros andam a fazer? Que tal frequentarem uns workshops sobre a ejaculação precoce dos dióspiros machos ou sobre disfunções sexuais dos diospireiros? Hoje em dia a função de um jardineiro tem que ser mais abrangente: não basta tratar e cuidar dos jardins. Tem que estar atento à dimensão emocional da árvore, à sua maturidade, à igualdade de género, à orientação sexual. Este enquadramento é fundamental para prevenir comportamentos desajustados, como por exemplo violência no quintal. Os dióspiros vítimas devem ser imediatamente sinalizados pelo jardineiro que os encaminhará para uma Associação que os possa apoiar. São sobejamente conhecidas as Casas Abrigo de dióspiros pisados e esborrachados, onde conhecem uma vida nova se deles fizerem marmelada.

Pelo exposto informo que faço parte da Comissão de Proteção do Dióspiro enquanto jovem, porque depois de maduros só os quero saborear.

 

Para a Arminda, Teresa e Luísa, o meu agradecimento sincero às generosas ofertas de dióspiros.

 

Licínia

 

O Conto do Mês

 


CONTO DE OUTONO



Mês Internacional das Bibliotecas Escolares

 


Celebramos em  outubro o MIBE (Mês Internacional das Bibliotecas Escolares) lançando um padlet alusivo ao tema Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo. Contamos com a participação de todos para a construção deste documento que se prolongará ao longo do ano.

Participa!




https://padlet.com/bibliotecaaecm/5rzm8s4m87o0e85a?utm_source=new_remake&utm_medium=email&utm_term=button&utm_content=view_padlet&utm_campaign=remake  

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Prémio Nobel Literatura 2021

 


Abdulrazak Gurnah vence Prémio Nobel da Literatura



O romancista Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 2021.



Ao anunciar o prêmio, a Academia Sueca elogiou Gurnah por retratar os "efeitos do colonialismo" de forma "intransigente e compassiva".  



Abdulrazak Gurnah: "Falta compaixão na Europa para com os migrantes"


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

HOJE NASCEU...

 Álvaro de Campos – heterónimo de Fernando Pessoa – nasceu em Tavira, a 15 de outubro de 1890. 


Segundo Fernando Pessoa: «Álvaro de Campos é alto (1,75 m de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada [...] entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. [...] Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.»

- Fernando Pessoa, in ‘Correspondência’ (1923-1935)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), in ‘Poesias de Álvaro de Campos’ (1944)

#CamõesIP #Efemérides





quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Po.e.mas Sol.tos

 

OUTUBRO



Estas noites de mar 

incrustadas 

de luz 

ou estes olhos 

de pólos 

distanciados no nada 

Este ódio de chuva 

este dia  

montanha 

Esta arma de boca 

ou tempo encontrado 

com relógios na montra 

Este ardor de palavras 

no perfil 

das bocas 

Este grito que 

tenho 

nas mãos misturadas 

Ou mãos misturadas 

que tenho de outubro 

no sabor picante sentido nas casas.

                                     Maria Teresa Horta, Eu sou a minha poesia



CONHECER MARIA TERESA HORTA

Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa, onde frequentou a Faculdade de Letras. Escritora e jornalista, é conhecida como uma das mais destacadas feministas portuguesas. Estreou-se na poesia em 1960 a sua obra poética foi coligida em Poesia Reunida  (Dom Quixote, 2009), obra que lhe valeu o Prémio Máxima Vida Literária. Em 2012 publicou As Palavras do Corpo – Antologia de Poesia Erótica, no ano seguinte, A Dama e o Unicórnio, em 2016, Anunciações, vencedor do Prémio Autores SPA / Melhor Livro de Poesia 2017, Poesis  (2017), Estranhezas  (2018) e a antologia Eu sou a Minha Poesia  (2019), o seu mais recente livro. É ainda autora dos romances Ambas as Mãos Sobre o Corpo, Ema  (Prémio Ficção Revista Mulheres) e Paixão Segundo Constança H., e coautora com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, de Novas Cartas Portuguesas. Ao seu romance As Luzes de Leonor, a Marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis  (2011), foram atribuídos os prémios D. Dinis e Máxima de Literatura.

https://www.quetzaleditores.pt/