sábado, 19 de dezembro de 2015

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015



Os nossos alunos têm opinião.



   É preciso notar e denotar o quão degrada, infelizmente, a nossa sociedade se encontra.
Começo por vos questionar: são possuidores de uma opinião ou transportadores? Permitam-me que vos esclareça: desde que os media passaram a ser uma massa não contornável, que toda a gente se encontra perante a abordagem diária sobre a opinião de alguém sobre determinado assunto. Sim, eu sei, segundo o que nos é ensinado, um jornalista deve fazer o seu trabalho sem que seja exposta a sua opinião, no entanto, todos sabemos que tal nem sempre se verifica.
   Vamos centrar-nos um pouco num passado relativamente próximo. Quando se iniciou a questão dos refugiados, deram-se dois grandes movimentos: os que estavam a favor e os que estavam contra a vinda dos refugiados. Centremo-nos agora no Facebook. Já se estão a lembrar de todas as opiniões com que foram abordados? Pois é, foi impossível ficar indiferente a isto. Em Portugal, mais particularmente, a discrepância entre os dois tipos de opiniões foi bastante grande. A grande maioria era contra. Mas porquê? Porque segundo vários sites e até canais televisivos, diziam que os refugiados, resumidamente, só queriam vir fazer mal para a Europa. E foi assim, como quem copia e cola trabalhos da Internet, que colaram as informações nas suas redes socias e transmitiram aos seus conhecidos e "formaram" a sua opinião. Claro que, mais tarde, começou a haver a preocupação de se começar a fornecer às pessoas  informações fidedignas e a dar argumentos válidos para fazer face às declarações feitas por grande parte da população.
   Na verdade, esta questão dos refugiados, não é nada mais que um exemplo mais visível presente na sociedade, no entanto, todos os dias isto acontece, todos os dias as pessoas baseiam (ou copiam) a sua opinião com base em informação passada pelos  media   sem que questionem um pouco a verdade da informação.
Isto leva-me a uma questão: teremos nós todos a nossa opinião baseada em algo que ouvimos ou lemos? Seremos todos fantoches dos media?


Bruna Lima, 11ºE
O Concurso de Quadras de S.Martinho, este ano letivo, contou com a melhor criatividade dos nossos alunos e professores.
Eis uma quadra inspiradora de uma professora do grupo de Filosofia e também as quadras vencedoras:




No dia de S. Martinho,
As castanhas dos teus olhos,
Têm muito mais carinho
Repartem o amor aos molhos.

               Professora Marinela


BÁSICO

1º Prémio

Agora  castanhas  comemos
E também vinho  bebemos!
S. Martinho fica a sorrir
E o sol decide abrir.
                          Diogo Castro, nº9, 9ºI

2º Prémio

Já toda a gente sabe
O que nesse dia aconteceu,
Que  S. Martinho a um mendigo
Metade da sua capa deu.
                         Beatriz Lisboa, nº4, 8ºF

3º Prémio

S. Martinho, hoje é o teu dia
Dia para comer e beber  vinho
Dia para alegrar quem não sorria
Dia para partilhar com o vizinho
                              Carlos Andrade , nº 2,
                          Curso Vocacional  

SECUNDÁRIO

1º Prémio

Com o verão de S. Martinho
Vêm para a rua as fogueiras
Alguns provam o vinho
Outros fazem brincadeiras
                     Luís Gonçalo Truta nº16, 11º A

2º Prémio

Lá estava um pobre mendigo
Num dia tempestuoso
S Martinho deu-lhe abrigo
E apareceu um sol maravilhoso
               André Maia Magalhães nº4, 11ºA

3º Prémio

Quentes e aconchegadas,
Num cartucho de papel,
Aquecem as mãos geladas
São melhores que o mel
                       Renata Moreira nº21, 11


Parabéns a todos os participantes!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

No passado dia 9 de novembro a nossa biblioteca dinamizou um oficina de poesia, VERSOS À SOLTA.

Vejam uma amostra dos poemas que os nossos alunos, professores e funcionários criaram a partir do primeiro verso de alguns poemas de poetas portugueses e de expressão portuguesa:

Chovia e vi-te entrar no mar
Admirei a tua coragem e
Senti o brilho do teu olhar.
Esperei que saísses  para
Te aquecer com um simples
Abraço, o nosso abraço…
Que alegria imensa
       
                       Ana

Eis o poema original:


Chovia e vi-te entrar no mar
longe de aqui há muito tempo já                                                     
ó meu amor o teu olhar
o meu olhar o teu amor
Mais tarde olhei-te e nem te conhecia
Agora aqui relembro  e pergunto:
Qual é a realidade de tudo isto?
Afinal onde é que as coisas continuam           
e como é que continuam se é que continuam?
Apenas deixarei atrás de mim tubos de comprimidos
a casa povoada o nome no registo
uma menção no livro das primeiras letras?
Chovia e vi-te entrar no mar
ó meu amor o teu olhar
o  meu olhar o teu amor
Que importa que algures continues?
Tudo morreu:  tu eu esse tempo esse lugar
Que posso eu fazer por tudo isso agora?
Talvez dizer apenas
Chovia e vi-te entrar no mar
E aceitar a irremediável morte para tudo e todos
                                          Ruy Belo, Através da chuva e da névoa, in Na Margem da Alegria




Se meu dinheiro não chega
Vou continuar a viver
Dinheiro não traz felicidade
Mas com ele podemos sobreviver.

Se meu dinheiro não chega
Desistir nem pensar
Vou lutar por um emprego
Para começar a ganhar.

                          Aluno anónimo

E agora o original:

Se meu dinheiro não chega
para sentir o prazer de dar
a quem não tem nenhum
então de que me serve
 de vez em quando dar algum?

Por isso, Maria, me chamas
numa ironia muito tua
Zé rei dos pobres.
               José Craveirinha, Se meu dinheiro não chega, in Maria



Com uma lente de aumento
E uma armada de neurónios
Ciência de alento
Acabaram-se os demónios!

Acabaram-se os cabos,
Os monstros do Escuro,
Com uma lente de aumento
A luz eu seguro
                                      Docente anónimo

Este é o original:




Com uma lente de aumento                                         
avidamente o tempo
sobre linhas de lábios omitindo
a língua no castelo
onde os dentes ao toque de outros lábios
como guardas de um símbolo hão-de
abrir-se
olhos na margem vendo-me,  cabelo
quase  abstracto prevenindo-me
do futuro das mãos por enquanto
retido
                                Gastão da Cruz, Com uma lente, in Rua de Portugal






Mudam-se os tempos
Mudam-se as vontades
Mudam-se os ventos
Mudam-se as tempestades.

Foge o fugaz tempo sem dono
Nega o homem o relógio
Vêm mais horas e parte para o sono
O homem infinitamente efémero

                                                                         Aluno anónimo

E, claro, o soneto de Camões:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Mês Internacional da Biblioteca Escolar foi sucesso


O Mês Internacional da Biblioteca Escolar foi um sucesso, tendo contado com um elevado número de visitas à nossa biblioteca. Saliente-se a visita guiada de muitos alunos do 8º ano que, com prazer, folhearam inúmeras obras contidas nas metas curriculares e preencheram um guião de visita.
Eis algumas citações interessantes retiradas de algumas dessas obras:

Falar espanhol dava-lhe status e cansaço. (p. 54)

Apenas uma pétala vermelha sobre o coração; uma gota de sangue. (p. 108)

in O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado

Já tinha corrido os mares todos, a bordo de todos os navios, o que o tornava um pouco filosófico e muito céptico. (p. 70)

O padre tinha uma pata de pato. (p. 85)

in A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, de Mário de Carvalho

Em novos só nos ensinam o que não serve. Em velhos só aprendemos o que não presta. (p. 12)

Vou deixar a porta aberta. Assim você escuta o mar... (p. 68)

in Mar me Quer, de Mia Couto

Meu pai fez-me gaivoteiro, o último da arte. (p. 73)

Palmas e música lá fora. O Malhado dava gozo às senhorias... (p. 77)

in Bichos, de Miguel Torga

Sexta-feira à noite, pela primeira vez na minha vida, recebi um presente de Natal. (p. 212)

Ainda bem que eu não coro; deve ser extremamente desagradável. (p. 313)

in O Diário de Anne Frank, de Anne Frank

No calendário judaico os números vermelhos indicavam as datas das festas religiosas. (p. 79)

Rosh Hashanah é o aniversário do mundo, dizia. Neste dia Deus tem um livro na sua frente onde estão registados os nossos nomes e determina que, no ano a entrar, cá fica ou morre! (p. 79)

in O Mundo em que Vivi, de Ilse Losa

Sabemos muito pouco de Camões. (p. 11)

Faziam belos versos muitas vezes. (p. 11)

in Os Lusíadas para Gente Nova, de Vasco Graça Moura

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Vencedores do Concurso de Ortografia


A biblioteca do Agrupamento de Escolas do Castêlo da Maia promoveu um Concurso de Ortografia que teve início na Semana da Leitura e terminou no passado dia 4 de junho. Abrangeu as Escolas Básicas do 1º Ciclo, a EB 2,3 do Castêlo da Maia e a Escola Secundária do Castêlo da Maia.
Gratos que estamos a todos os colaboradores e participantes, publicamos, com os nossos sinceros parabéns, a lista dos vencedores:

EB1/J1 do Castêlo da Maia
1º lugar: Ana Vieira, nº 1, do 4º A
               Pedro Teixeira, nº 23, do 4º C

EB 2,3 do Castêlo da Maia
1º lugar: Paulo Freitas, aluno do 6º C

Escola Secundária do Castêlo da Maia
1º lugar: Daniela Castro, nº 10, do 8º E.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Concurso de Leitura, A Voz das Línguas

No dia 2 de junho decorreram, na biblioteca da Secundária do Castêlo, a terceira eliminatória e a final do Concurso de Leitura, A Voz das Línguas. Fomos surpreendidos pela grande qualidade das leituras e dos textos escolhidos.
Os vencedores ficaram escalonados da seguinte forma:
- na terceira eliminatória, a Português, Ana Monteiro, nº 1 do 8º I, Ivan Verbisnky, nº 10 do 9º C e João Festas, nº 10 do 10º A; a Língua Estrangeira, Diogo Cruz, nº 7 do 8º H, Margarida Vigo, nº 15 do 9º F, Isabel Silva, nº 9 do 10º A e Diana Amorim, nº 12 do 12º D, todos eles a Inglês;
- na final, a Português, Ana Monteiro, nº 1 do 8º I, Inês Moreira, nº 20 do 9º B, Francisco Moreira, nº 9 do 10º D e Patrícia Sendas, nº 26 do 12º D; a Língua Estrangeira, Vanessa Ferreira, nº 22 do 8º E (a Francês), Margarida Vigo, nº 15 do 9º F, Lucas Silva, nº 13 do 10º A e, em pé de igualdade, Diana Amorim e Patrícia Sendas, números 12 e 26 do 12º D.
Ficamos gratos por este momento com que os nossos alunos nos presentearam, no final do ano, e que nos anima a continuar a nossa ação em prol da leitura em voz alta.
Obrigado a todos os intervenientes nesta atividade e especiais parabéns aos dignos vencedores por parte da equipa da biblioteca.
O público durante as leituras
O júri do concurso em deliberação

Os vencedores de Português

Os vencedores de Língua Estrangeira







domingo, 31 de maio de 2015

Escritor do mês: Ernest Hemingway



Nascido em Oak Park, no estado norte americano do Illinois, em 1899, Hemingway foi jornalista e escritor e uma das principais influências na modernização da escrita do século XX.
Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1954, esteve presente na Grande Guerra, onde foi gravemente ferido, foi jornalista em Espanha durante a Guerra Civil, tendo-se tornado então um aficionado da tourada, viveu em Paris, Londres e em Cuba, onde defendeu a Revolução e foi amigo de Fidel Castro e Che Guevara, casou-se quatro vezes e legou-nos uma coleção de sete romances, seis coletâneas de contos e dois trabalhos não ficcionais, a que se somaram, a título póstumo, três novos romances, quatro coletâneas de contos e três trabalhos não ficcionais. As suas obras foram, de igual modo, frequentemente adaptadas para o cinem e para a televisão.
Vítima de vários acidentes que quase o deixaram às portas da morte e o marcaram física e mentalmente, manteve, nos últimos anos da sua vida, residência em Key West, na Florida, e em Cuba. Em 1959, adquiriu uma casa em Ketchum, no Idaho, onde acabou por cometer suicídio e falecer a 2 de julho de 1961. Para o suicídio terão contribuído, para além das sequelas físicas de uma vida de aventura, o facto de ter adquirido um forte hábito de consumo de álcool e a possibilidade de, tal como o seu pai, que também se suicidara, padecer de hemocromatose, uma doença que causa a incapacidade do organismo de metabolizar o ferro e que conduz à deterioração física e mental.
Eis um pequeno exemplo da sua literatura, com o conto Um Gato à Chuva:


Apenas dois americanos estavam hospedados no hotel. Não conheciam nenhuma das pessoas com quem se tinham cruzado pelas escadas, no movimento de “entra e sai” do quarto. Estavam hospedados no segundo andar, num apartamento que ficava de frente para o mar e também de frente para a praça e para o monumento da guerra. Havia enormes palmeiras e bancos verdes na praça. Quando o tempo estava bom, havia lá sempre um pintor com o seu cavalete. Os artistas gostavam das formas das palmeiras e das cores brilhantes dos hotéis, de frente para os jardins e para o mar. Italianos vinham de longe para ver o monumento da guerra. Era feito de bronze e reluzia na chuva. Estava a chover. Gotas de chuva caiam das palmeiras. A água formava poças nos caminhos de cascalho. O mar rebentava numa extensa linha, na chuva, e deslizava rumo à praia para retornar e rebentar de novo numa longa linha, repetindo o mesmo movimento. Os carros já tinham deixado a praça, passando pelo monumento da guerra. Do outro lado, um empregado de mesa olhava a praça vazia, da porta de um snack-bar. A mulher americana, de pé, próxima à janela, observava o movimento. Fora do hotel, bem debaixo da janela deles, uma gata estava encolhida debaixo de uma das mesas verdes encharcadas. A gata enroscava-se para não se molhar. – Eu vou descer e agarrar naquela gatinha – disse a mulher americana. – Deixa estar que eu faço disso – retorquiu o marido da cama. – Não, não há problema, eu vou. Pobre gatinha, a tentar proteger-se da chuva debaixo da mesa. O marido continuou a sua leitura, apoiado em dois travesseiros aos pés da cama. – Não te molhes – disse ele. A mulher desceu as escadas e o dono do hotel levantou-se para a cumprimentar quando ela passou pelo seu escritório. Ele era velho e muito alto. – Il piove – disse a mulher. Ela gostava do dono do hotel. – Si, si, Signora, brutto tempo. O tempo está muito ruim. Ele ficou de pé atrás de sua mesa, no fundo da sala escura. A mulher gostava dele. Apreciava o modo extremamente sério com que acolhia qualquer reclamação. Admirava a sua dignidade. Gostava da forma como ele a tratava. Gostava de como ele se sentia honrado em cuidar do hotel. Gostava do seu rosto velho e marcado pelo tempo e das suas mãos grandes. Enquanto pensava nele, ela abriu a porta e olhou para o exterior. A chuva estava mais forte. Um homem com uma capa atravessava a praça em direção ao café. A gata deveria estar por perto, à direita. Talvez pudesse ir por debaixo dos telhados. Ainda estava na porta quando um guarda-chuva se abriu atrás dela. Era a empregada do seu quarto. – A senhora não deve molhar-se – sorriu, falando italiano. Obviamente, tinha sido mandada pelo dono do hotel. A americana andou pelo caminho de cascalho, com a empregada a segurar o guarda-chuva para que ela não se molhasse, até que chegou debaixo da janela do seu quarto. A mesa estava lá, com um verde brilhante após ter sido lavada pela chuva, mas o gato tinha desaparecido. De repente, ela sentiu-se desapontada. A empregada olhou para a hóspede. – Ha perduto qualque cosa, Signora? – O gato – disse a mulher americana. – Um gato? – Si, il gatto. – Um gato? – a empregada riu. – Um gato na chuva? – Sim – respondeu. – Debaixo da mesa. Eu queria tanto que ela fosse minha. Queria ter uma gatinha. Quando ela falou em inglês, o rosto da empregada contraiu-se. – Venha, signora – disse. – Devemos voltar para dentro. A senhora vai acabar por se molhar. – Está bem – disse a jovem americana. Voltaram pelo caminho de cascalho e entraram pela porta. A empregada ainda ficou do lado de fora para fechar o guarda-chuva. Quando a jovem americana passou pelo escritório, o padrone fez um gesto de cortesia, da sua mesa. A jovem sentiu como se houvesse algo muito pequeno e apertado dentro de si. O padrone fez com que ela se sentisse insignificante e ao mesmo tempo muito importante. Subiu as escadas. Abriu a porta do quarto. George estava a ler, na cama. – Conseguiste agarrar o gato? – perguntou, baixando o livro. – Não, desapareceu. – Para onde será que ele foi? – perguntou ele, tirando os olhos do livro. Ela sentou-se na cama. – Eu queria tanto aquela gatinha. Nem sei porque é que a queria tanto. Queria aquela pobre gatinha. Deve ser horrível ser uma gatinha indefesa nessa chuva. George tinha retomado a leitura. Ela caminhou e sentou-se na frente do espelho da cómoda, olhando para si mesma, com um espelho na mão. Estudou o seu perfil, primeiro de um lado, depois do outro. Então estudou a parte de trás de sua cabeça e a sua nuca. – Não achas boa ideia eu deixar o meu cabelo crescer? – perguntou, olhando de novo para o seu perfil. George olhou e viu sua nuca, raspada como a de um garoto. – Gosto dele como está. – Estou tão farta deste cabelo – disse ela. Estou tão farta de parecer um rapaz. George mudou de posição na cama. Ainda não tinha desviado os olhos dela desde que começara a falar. – Estás muito bonita – disse ele. Ela colocou o espelho na cómoda, foi para a janela e olhou para o lado de fora. Estava a escurecer – Quero puxar o meu cabelo para trás, bem preso e liso, e fazer um puxo bem grande para que eu o sinta. E quero uma gatinha para se sentar no meu colo e fazer ronrom quando eu lhe fizer festas. – Pois – disse George da cama. – E quero comer numa mesa com os meus próprios talheres e quero velas. E quero que seja primavera, quero pentear o meu cabelo na frente de um espelho e quero uma gatinha nova e roupas novas. – Ora, está calada e lê alguma coisa – disse George. Estava novamente a ler. A sua esposa olhava pela janela. Agora o céu estava bastante escuro e a chuva continuava a cair nas palmeiras. – De qualquer modo, eu quero um gato – disse ela. – Eu quero um gato. Quero um gato agora. Se não posso ter cabelos compridos nem uma distração, posso ter um gato. George não estava a ouvir. Estava a ler o seu livro. A sua mulher olhou pela janela e viu que a luz da praça estava acesa. Alguém bateu na porta. – Avanti – disse George e levantou os olhos do livro. A empregada estava de pé à porta. Segurava num grande gato malhado, apertado fortemente contra o seu corpo. – Com licença – disse – O padrone mandou trazer o gato para a Signora.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Os Dias da Saúde


Nos dias 21, 22 e 23 de abril, a biblioteca da ESCM acolheu as atividades dinamizadas pelas turmas do Curso Técnico de Auxiliar de Saúde. Assistimos a palestras sobre os malefícios do tabaco, a alimentação saudável e a sexualidade e violência no namoro.
Agradecemos a preciosa colaboração do Centro de Saúde do Castêlo da Maia e esperemos que os frutos destas atividades se traduzam, nos nossos alunos, em mudanças para comportamentos crescentemente saudáveis.

Cristina Carvalho no AECM

Cristina Carvalho na Biblioteca da ESCM
A escritora Cristina Carvalho, filha do célebre poeta Rómulo de Carvalho, mais conhecido como António Gedeão, esteve presente na biblioteca da Escola Secundária do Castêlo da Maia, em resultado de um projeto de leitura desenvolvido pela professora Rosa Amaral com as turmas dos Cursos Técnicos de Restauração.
Os momentos sucederam-se em momentos de grande intensidade e adesão por parte dos presentes: um almoço temático ao som da musica de Chopin, numa alusão à obra Nocturno, o romance de Chopin e, na biblioteca, uma dramatização de um excerto do livro Lusco-Fusco, em sombras chinesas, assim como uma agradável conversa informal com a autora.
Deixamos-vos com um sincero agradecimento a todos os intervenientes e ainda com um convite para que tomem contacto com a interessante obra de Cristina Carvalho.


Capa da obra Lusco-Fusco

terça-feira, 28 de abril de 2015

Escritor do mês: Somerset Maugham


William Somerset Maugham foi um dos maiores nomes da escrita britânica - dramaturgo, romancista e escritor de short stories - , nascido em janeiro de 1874 na embaixada do Reino Unido, em Paris, e falecido em dezembro de 1965. 
Com apenas dez anos de idade ficou órfão de pai e mãe, tendo sido criado por um tio emocionalmente distante. Ainda que pressionado para se tornar advogado, como era tradição na família, Maugham optou pela Medicina e trabalhou com a Cruz Vermelha durante a Grande Guerra. Trabalhou igualmente para os Serviços Secretos e viajou intensivamente, sendo que a sua experiência de viagens se viria a refletir na sua escrita. O seu primeiro romance, Liza of Lambeth (1897), vendeu-se com tal rapidez que Maugham acabou por desistir da medicina poara se dedicar exclusivamente à escrita.
O autor legou-nos uma imensidão de obras, de entre as quais destacamos Servidão Humana (1915), O Véu Pintado (1925) e O Fio da Navalha (1944). Trinta e seis das suas obras foram adaptadas ao cinema. Em 1947, criou o Prémio Somerset Maugham, destinado a premiar os melhores escritores britãnicos até aos 35 anos de idade. Doou em testamento as royalties dos seus trabalhos ao Royal Literary Fund. Dele disse George Orwell: "Foi o escritor moderno que mais me influenciou e que admiro enormemente pela sua capacidade de narrar uma história diretamente e sem floreados". 
De Maugham, divulgamos hoje o conto/short story O Sacristão:

O Sacristão

Naquela tarde, houvera batizado na igreja de St. Peter, em Neville Square, e Albert Edward Foreman ainda estava com a sua toga de sacristão. Guardava a toga nova, com as suas dobras tão perfeitas e cheias como se não fossem de alpaca, senão de bronze eterno, para os funerais e os casamentos (St. Peter, em Neville Square, era uma igreja muito procurada para tais ceri­mónias pelas famílias da classe alta), e agora estava com a toga classificada em segundo lugar. Albert Edward Foreman usava a toga com calma satisfação, pois era o digno símbolo da sua função, e sem ela (quando a despia para ir para casa) tinha a perturbadora sensação de estar vestido um pouco insuficiente­mente. Elas mereciam-lhe muitos cuidados; passava-as a ferro pessoalmente. Durante os dezasseis anos em que fora sacristão desta igreja, tivera uma sucessão de togas, mas não pudera deitá-las fora quando envelheciam; e a série completa, primoro­samente embrulhada em papel pardo, jazia no fundo da gaveta do guarda-roupa, no seu quarto.
O sacristão movia-se discretamente; repôs a tampa de madeira esmaltada sobre a pia batismal, que era de mármore, recolocou no seu lugar uma cadeira que fora trazida para uma senhora idosa e enferma, e ficou à espera de que o pároco terminasse os seus arranjos pessoais na sacristia, a fim de pôr tudo em ordem e ir para casa. Agora, viu-o entrar no coro, fazer uma genuflexão diante do altar-mor, e tomar a direção da nave; tirara a sobrepeliz e a estola, mas ainda estava de batina.
- Por que andará ele a trocar as pernas ? - disse, para si, o sacristão. - Então não sabe que tenho de ir tomar chá ?
O pároco fora provido recentemente, um homem enérgico, de cara vermelha, com mais de quarenta anos; e Albert Edward continuava a lamentar a saída do antecessor, um padre da velha escola, que pregava descansadamente com voz argentina e jantava quase sempre com os paroquianos mais aristocráticos. Gostava que as coisas da igreja estivessem nos seus lugares, mas nunca se arreliava por causa de bagatelas; não era como este, que em tudo queria pôr o dedo. Mas Albert Edward era tolerante. St. Peter ficava num ótimo bairro e os paroquianos eram gente fina. O novo pároco viera do East End e não se podia esperar que se adaptasse imediatamente às maneiras discretas de uma congregação de fiéis aristocráticos.
- É um transtorno - dizia Albert Edward. - Mas, com o tempo, ele aprenderá.
Quando o pároco avançara pela nave o suficiente para poder dirigir-se ao sacristão sem levantar a voz mais do que era conveniente num lugar de adoração, parou.
- Foreman, venha um momento até a sacristia. Tenho uma coisa a dizer-lhe.
- Com certeza, reverendo.
O pároco esperou que ele chegasse e seguiram juntos em direção ao altar.
- Foi um batizado muito bonito. Engraçado como o bebé parou de chorar quando o senhor padre segurou nele.
- Tenho notado que quase sempre é assim - disse o pároco, com um pequeno sorriso.
- Mas, no fim de contas, tenho grande prática de pegar em crianças.
Para ele, era uma fonte de orgulho, sempre reprimido, o fato de quase sempre poder sossegar as crianças, que choravam, pela maneira de as segurar; e não deixava de tomar conhecimento da divertida admiração com que as mães e amas o viam aninhar a criança na dobra da manga da sobrepeliz. O zelador compreendia que lhe agradava ser cumprimentado por esta habilidade.
O pároco precedeu Albert Edward na sacristia. O zelador ficou um pouco surpreendido ao encontrar-se com os dois guar­diães da junta paroquial. Não os
vira chegar. Ambos lhe acenaram amistosamente com a cabeça.
- Boa-tarde, senhor lorde. Boa-tarde, senhor general - disse a um e a outro.
Eram homens idosos, ambos, e ocupavam os seus postos há quase tanto tempo quanto Albert Edward era sacristão. Agora, estavam sentados à bela mesa de jantar que o antigo pároco trouxera da Itália, muitos anos atrás; e o pároco sentou-se na cadeira vaga, entre os dois guardiães. Albert Edward estava de frente para eles, com a mesa de permeio; e, sentindo um vago mal-estar, especulava sobre o possível tema da conversa. Lembrava-se ainda da ocasião em que o organista se metera numa complicação e dos aborrecimentos por que tinham passado para abafar a coisa. Numa igreja como a de St. Peter, em Neville Square, não se tolerava um escândalo. No rosto vermelho do pároco, havia uma expressão de resoluta benignidade; mas os outros tinham as fisionomias levemente perturbadas.
"O padre andou a aborrecer os dois", disse consigo o sacristão. "Pediu-lhes para fazerem alguma coisa e eles não gostaram. É isso mesmo, sou capaz de garantir."
Mas os pensamentos não apareciam nas feições bem marcadas e distintas de Albert Edward. Mantinha-se em atitude respeitosa, mas não servil. Fora doméstico, antes de obter este cargo, mas só trabalhara em casas de tratamento, e a sua maneira de se conduzir era irrepreensível. Começando como menino de recados na residência de um comerciante forte, subira gradualmente do posto de quarto criado a primeiro; fora durante um ano mordomo da viúva de um par; e, até que se abrisse a vaga na igreja de St. Peter, mordomo com dois auxiliares na casa de um embaixador reformado. Era alto, enxuto, grave, e digno. Se não parecia um duque, assemelhava-se pelo menos a um ator da velha escola, especializado em papéis de duque. Tinha tato, firmeza e segurança. O seu caráter era inatacável. O pároco começou abruptamente.
- Foreman, temos uma coisa um pouco desagradável para lhe comunicar. Você já trabalha aqui há longos anos e penso que o senhor lorde e o senhor general concordam comigo que cumpriu os deveres do seu cargo a contento.
Os dois guardiães fizeram um gesto de aquiescência.
- Mas uma circunstância extraordinária chegou ao meu conhecimento, um dia destes, e achei ser meu dever participá-la aos guardiães. Descobri, com assombro, que você não sabe ler nem escrever.
O rosto do sacristão não exibiu nenhum sinal de embaraço.
- O último pároco sabia disso, reverendo - respondeu. - Disse-me que não fazia mal. Dizia sempre que na sua opinião havia demasiada educação no mundo.
- Essa é a coisa mais espantosa que já ouvi até hoje - exclamou o general. - Quer dizer que foi zelador desta igreja durante dezasseis anos e nunca aprendeu a ler e escrever ?
- Eu comecei a trabalhar com doze anos, senhor general. O cozinheiro da primeira casa onde me empreguei tentou ensi­nar-me, uma vez, mas parece que eu não tinha muito jeito, e depois, com uma coisa e outra, nunca me sobrava tempo. E o certo é que nunca senti falta disso. Acho que uma muitos rapazes desperdiçam muito tempo a ler, quando bem podiam estar a fazer alguma coisa de útil.
- Mas não sente vontade de ler as notícias ? - disse o primeiro guardião. - Nunca sente vontade de escrever uma carta ?
- Não, senhor lorde, passo muito bem sem isso. E, nos últimos anos, os jornais vêm com todas essas figuras, e eu entendo regularmente o que está a acontecer. A minha senhora é muito instruída e, quando quero escrever uma carta, ela escreve-a por mim.
Os dois guardiães fitaram os olhos aflitos no pároco e seguidamente na mesa.
- Bem, Foreman, eu discuti o assunto com estes dois senhores e eles concordam inteiramente comigo que a situação é insustentável. Numa igreja como a de St. Peter, em Neville Square, não pedemos ter um sacristão que não saiba ler e escrever.
O rosto fino e pálido de Albert Ecíward enrubesceu, e ele mexeu com os pés, contrafeito, mas não respondeu.
- Compreenda-me, Foreman, eu não tenho nenhuma queixa de si. Faz o seu trabalho de modo inteiramente satisfatório; tenho no mais alto conceito tanto o seu caráter como a sua capacidade; mas não temos o direito de nos arriscarmos a algum acidente que poderia acontecer em consequência da sua lamentável ignorância. Trata-se de uma questão de prudência, assim como de princípio.
- Mas você não podia aprender, Foreman ? - perguntou o general.
- Não, senhor; acho que agora, não. O senhor vê, eu já não sou novo como era e, se não podia meter as letras na cabeça quando era miúdo, acho que agora não há nenhuma possibilidade.
- Não queremos ser duros com você, Foreman - disse o pároco. - Mas os guardiães e eu estamos inteiramente decididos. Dar-lhe-emos três meses de prazo e, se no fim desse período você não souber ler e escrever, acho que terá de deixar o lugar.
Albert Edward nunca simpatizara com o novo padre. Desde o começo, dissera que tinham cometido um erro ao entregar-lhe a igreja de St. Peter. Não era o tipo de homem para urna congregação de fiéis de classe, como aquela. Agora, empinou um pouco o busto. Conhecia o seu valor e não ia permitir que o afrontassem.
- Desculpe, reverendo, mas acho que assim não me serve. Sou um animal muito velho para aprender truques novos. Vivo já há tantos anos sem aprender a ler e a escrever, e, sem me querer autoelogiar (o elogio não é recomendação na boca do elogiado), posso dizer que fiz o meu dever nesse estado da vida em que a Providência misericordiosa achou por bem colocar-me, e, mesmo que pudesse aprender agora, acho que não me decidiria.
- Nesse caso, Foreman, creio que tem de deixar o lugar.
- Sim, reverendo, eu compreendo. Terei todo o gosto em apresentar a minha demissão logo que o senhor padre encontre alguém que me substitua.
Mas quando Albert Edward, com a sua delicadeza habitual, fechara a porta da igreja depois de o pároco e os dois guardiães terem passado, não pode conservar a atitude de calma dignidade com que suportara o golpe; e os seus lábios tremeram. Voltou lentamente para a sacristia e pendurou no respetivo cabide a toga de sacristão. Suspirou, ao pensar nos grandes funerais e nos casamentos elegantes a que assistira. Pôs tudo em ordem, enfiou o casaco, e, de chapéu na mão, percorreu a nave em direção à frente. Saiu e fechou a porta da igreja à chave. Cruzou devagar a praça, mas, absorto nos seus pensamentos tristes, não tomou a rua que ia ter à sua casa, onde o esperava uma boa taça de chá forte; seguiu um rumo errado. Caminhava lentamente. Sentia uma opressão no peito. Não sabia o que fazer consigo mesmo. Não lhe agradava a ideia de voltar para o serviço doméstico; depois de ter sido dono do seu nariz durante tantos anos (pois o pároco e os guardiães podiam dizer o que quisessem, mas era ele quem administrava a igreja de St. Peter), dificilmente se aviltaria aceitando um emprego naquele ramo. Poupara uma boa soma, mas não era suficiente para viver sem fazer alguma coisa, e a vida parecia estar mais cara de ano para ano. Jamais julgara ter algum dia de se preocupar com tais problemas. Os sacristãos da igreja de St. Peter, como os papas, eram vitalícios. Com frequência, pensava na grata referência que o pároco haveria de fazer, durante o sermão das vésperas do primeiro domingo depois de sua morte, aos longos e fiéis serviços e ao caráter exemplar do nosso finado sacristão, Albert Edward Foreman. Soltou um suspiro fundo. Albert Edward era abstémio de álcool e tabaco, porém com certa largueza; isto é, gostava de um copo de cerveja ao jantar e, quando estava cansado, fumava com prazer um cigarro. Ocorreu-lhe agora que um cigarro havia de o confortar e, como não os trazia consigo, olhou em torno, à procura de uma casa onde pudesse comprar um maço de Gold Flakes. Não encontrou imediatamente nenhuma tabacaria, e continuou a cxaminhar. Era uma rua longa, com toda a espécie de comércio, mas não havia uma só casa onde se pudessem comprar cigarros.
- É esquisito - disse Albert Edward.
Para se certificar, tornou a percorrer a rua, em sentido inverso. Não; não havia dúvidas quanto a isso. Parou e olhou, pensativo, para um lado e outro.
- Eu não posso ser a única pessoa que passa por esta rua e sente vontade de fumar - disse. - Acho que alguém  poderia obter sucesso, com uma pequena tabacaria por aqui. Cigarros e doces, naturalmente.
De repente, alçou a cabeça.
- Está aí uma ideia - disse. - É esquisito como nos lembramos das coisas quando menos se espera. Deu meia volta, foi para casa e tomou o chá.
- Estás tão silencioso esta tarde, Albert - observou a mulher.
- Estou a pensar - disse ele.
Estudou a questão, de todos os ângulos; no dia seguinte, percorreu a rua e, por sorte, descobriu um local que estava para alugar e serviria exatamente para o seu intento. Vinte e quatro horas depois, alugara-o e, quando, daí a um mês, deixou para sempre a igreja de St. Peter, em Neville Square, Albert Edward Foreman estabeleceu-se com tabacaria e venda de jornais. A sua mulher opinou que era uma imensa queda, depois de ter ele sido sacristão de St. Peter, mas Albert Edward respondeu que era preciso acompanhar as mudanças do tempo, a igreja não era o que fora, e dali em diante iria dar a César o que era de César. Saiu-se bem. Saiu-se tão bem que, decorrido um ano, aproximadamente, ocorreu-lhe que poderia abrir uma segunda tabacaria e entregá-la a alguém para exploração. Procurou outra rua longa que não tivesse nenhuma tabacaria e, quando a encontrou, corn uma frente para alugar, montou e abriu a nova casa. Também esta foi um sucesso. Refletiu em seguida que, se podia ter duas, podia ter meia dúzia, e começou a andar através de Londres; e, sempre que descobria uma rua longa que, não tendo tabacaria, tivesse um local apropriado para alugar, montava e abria um negócio do seu ramo. Ao fim de dez anos, fundara nada menos de dez tabacarias e ganhava muito dinheiro. Percorria-as pessoalmente todas as segundas-feiras, levantava os lucros da semana e depositava-os no banco.
Uma manhã, quando estava a recolher um maço de notas e urna pesada bolsa de moedas de prata, o caixa do banco disse-lhe que o gerente desejava falar-lhe.
Foi levado a um gabinete e recebido pelo gerente.
- Mr. Foreman, eu queria conversar consigo sobre o dinheiro que tem em depósito aqui. Sabe exatamente a quanto monta ?
- Exatamente, não, senhor; mas lenho uma ideia bem aproximada.
- à parte a entrada desta manhã, o seu depósito vai um pouco além de trinta mil libras. É uma soma muito grande para ficar em depósito, e ocorreu-me que lhe conviria investi-la.
- Não desejo arriscar-me, senhor. Sei que no banco está em segurança.
- Mas não precisa de ter qualquer preocupação. Dar-lhe-emos uma lista de títulos garantidos. Eles proporcionar-lhe-ão uma taxa de juro melhor do que é possível aqui.
Traços de preocupação instalaram-se nas feições bem marcadas de Mr.Forernan.
- -Nunca entendi nada de ações e dividendos, e teria de deixar tudo isso nas mãos do banco--disse ele. O gerente sorriu.
- Engarregar-nos-emos de tudo. O senhor teria apenas de assinar os papéis, na próxima vez que nos visitasse.
- Eu poderia fazer isso-disse Albert, com incerteza.---Mas como ia saber o que é que estava a assinar?
- Suponho que sabe ler - disse o gerente, um pouco rispidamente.
Mr. Forernan sorriu-lhe, apaziguador,
-Pois é isso, senhor. Não sei. Naturalmente parece engraçado, mas é o que é, não sei ler, e não sei escrever a não ser o meu nome, e só aprendi isso quando me estabeleci como comerciante.
O gerente ficou tão surpreendido que se empertigou na cadeira.
- Mas é a coisa mais extraordinária que já vi.
- O senhor vê, eu nunca tive a oportunidade de aprender, a não ser quando já era tarde demais, e aí, não quis. Sou algo teimoso.
O gerente olhava-o com espanto, como se ele fosse um monstro pré-histórico.
- Então quer dizer que desenvolveu esse importante comércio e juntou uma fortuna de trinta mil libras sem saber ler nem escrever? Meu Deus, que não seria o senhor agora, se tivesse aprendido a ler e a escrever ?
_ Isso eu posso dizer-lhe - respondeu Mr. Foreman, com um pequeno sorriso nas feições sempre aristocráticas. - Seria sacristão de St. Peter, em Neville Square.


domingo, 5 de abril de 2015

Semana da Leitura na Biblioteca do Castêlo

A semana da Leitura foi vivida fortemente em todo o Agrupamento. O programa cumpriu-se integralmente com atividades que decorreram em todas as escolas do Agrupamento, desde a escola Eb1/J1 do Castêlo da Maia à ESCM, passando pela EB 2,3.
Das atividades preparadas constaram o Concurso de Leitura, o Concurso de Ortografia, a Feira do Livro e o encontro com a escritora Raquel Fonseca, uma jovem a dar os seus primeiros passos.
Aqui fica o testemunho da dedicação e colaboração dedicadas por todos os elementos da nossa comunidade.

Uma panorâmica da Feira do Livro

Uma visão geral do Concurso de Leitura


Os vencedores do Concurso de Leitura em Português

Os vencedores do Concurso de Leitura em Língua Estrangeira, acompanhados da professora Teresa Barbosa


Um prémio merecido

A Raquel e o seu Segredo