quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Fernando Pessoa em banda desenhada


Para quem está cansado de tentar perceber Fernando Pessoa sem resultados ou para quem é fã do poeta português mas quer algo mais, encontra-se agora disponível uma adaptação da sua vida à nona arte: As Aventuras de Fernando Pessoa, Escritor Universal
Trata-se de uma edição da Parceria A. M. Pereira, escrita e desenhada por Miguel Moreira e colorida por Catarina Verdier.
O trabalho agora publicado, cuja produção demorou dez anos e que contou com o apoio do eurodeputado Rui Tavares, acompanha a vida de Pessoa do nascimento à morte e inclui diversos trechos do poeta, para além de abordar detalhadamente episódios como o do "dia triunfal", da aventura de Orpheu e ainda do sucídio, em Paris, de Mário de Sá-Carneiro, grande amigo do poeta.
O semi-heterónimo, Bernardo Soares, conta ainda com um pequeno livro de 14 páginas, inteiramente baseado em informações recolhidas a partir do Livro do Desassossego
A obra encontra-se à venda por cerca de 24 € bem gastos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Os nossos alunos participaram em força no concurso do PNL,  Faça Lá um Poema.
Queremos que apreciem alguns dos poemas que eles, com tanta criatividade, escreveram:


A Vida
                            A vida é um carrossel,
                            que dá muitas voltas.
                            Umas vezes caímos e choramos,
                            Umas vezes rimos e rimos
                            Sem parar.
Outras vezes sentimo-nos tontos
 que já nem nos seguramos de pé.
                            É preciso é ter fé .
                            A vida é assim,
                            Sol,chuva ou vento
                              tal como o tempo.
                                                          Constança Sá Cunha 4º B 
                                                                                                            (Escola Básica do Castêlo da Maia)

Tinta
                                             A tinta
                                             é a cor bonitita
                                             que vai da pontita
                                             do meu pincel
                                             comprido
                                             e amigo
                                             que chega
                                             ao papel
                                             que partilho
                                             contigo .             
                                                                                    Filipe Magalhães 4º B
                                                                                                          (Escola Básica do Castêlo da Maia
Xadrez

Estendido ao comprido
Jaz morto no chão,
Lutou até à morte
O pobre peão.

Maligno rei,
Com enorme covardia,
Esconde-se na altura da guerra
Atrás da infantaria.

Guerreiam-se no tabuleiro
Os exércitos da realeza,
Mas nada interessa ao rei
Senão luxo e riqueza.

Muitos lutam nesta batalha,
Como torres, bispos e cavalos
Mas, são todos nas mãos do rei,
Simples e honestos vassalos.


Paulo Alexandre Gomes Monteiro,  8ºB
(Escola Secundária do Castêlo da Maia)

Mora Deus

[ Silêncio no estúdio, luzes, câmara, ação (...) ]
Passeio-me com ideias, em pecado pela beira da rua,
Pelo caminho contam-me os olhos acerca da existência,
Que existo e bem,
Não respondo, nunca percebi muito disso para ser sincero;
Ia sem saber ao que ia,
Planos perigosos segundo dizem,
Ia pela beira fugindo à certeza da queda,
Podia ser melhor tudo isto podia,
Fosse outro e não me ralava com beiras,
Tamanha a confiança,
Mas sou como sou e a perfeição não sei dela,
Perdeu-se-me no caminho.

Ia e sem notar caí por ser humano,
Levantei e segui pela beira,
Pelo caminho contam-me os olhos acerca da existência,
Que existo infelizmente,
Não respondo a provocações,
Nunca me preocupei muito com isso para ser sincero,
Pela beira a passo brando perguntaram-me da queda e assenti, caí sabe-se lá como veja lá, mas se caí para alguma coisa foi, rio-me e conta-me a boca preocupada da sujidade de quando caí, que ficou presa à carne mas que não havia problema que a casa dos banhos era já ali.

Ia sem saber ao que ia,
Planos perigosos segundo dizem,
Ia pela beira, atento ao que suja,
Não queria piorar a minha situação,
Desculpe,
Siga em frente e com fé que dá com aquilo num instante,
Cuidado não se chegue muito para não se sujar,
Agradeço-lhe a informação,
Ia pela beira informado agora e com expectativas largas a passo lestro que há cura graças a
Deus.

Ao fim do cansaço lá cheguei, segundo dizem, com intenções largas de bater à porta, não a tinha, de encontrar, não o vi
mas e então? não estava em casa, não me diga, digo pois, olhos cegos a contarem-me: não fosse a imundice pegar-se e teria a existência comprometida.


Aparentemente, sujo não sirvo para viver,
Sujo não tenho a possibilidade das grandes coisas,
Não,
Já caí, já vi do chão e isso é bom o bastante para me definir,
Já caí, já vi do chão e não o contei a ninguém e disto se fazem as políticas,
De julgamentos mal julgados,
De confissões sem as palavras certas, ou algumas.
Estou sujo,
Já o estava antes da queda mas disfarcei-o com boa roupa,
E sujos do mesmo estamos todos,
Uns mais imundos que outros,
Em comum o facto de que ninguém sai porta fora despido;

Olho por mim olho, não sou o único, olhos hipócritas a contarem-me que não tem mal, desde que os siga cabisbaixo pela beira;
(chora nos fundos uma criança, pequena distingue o bem, pobre criança, suja da brincadeira, fecha os olhos, fecha, não queiras ver demasiado, fecha os olhos, não os queiras mais sujos, fecha, antes que a meia noite desça)

Estou sujo,
E o problema com a sujidade
É não nos preocuparmos para onde vai depois de lavada,
Onde se esconde,
E a vida é todo este conjunto de suposições mal suposicionadas
e depois a negação que cuide do resto,
E não sai não,
Do que me sujei lá fora,
Aceito-o com a maior tranquilidade do mundo,
Abri já os braços aliás.

[Mora Deus numa casa grande, aberta, sem portas, e sobretudo sem nada que ver; olhos cerrados, vendo caladas as suas preces (...) lá no alto o Silêncio na cama, como quer, atento à programação, que a vida está no ar, ação - por favor]
Marco Lamarão 12ºG
                                                                                                                          (Escola Secundária do Castêlo da Maia) 

O Concurso de Cartas de Amor primou pelo romantismo, bom gosto e qualidade de escrita.
Os nossos parabéns aos dignos vencedores!
Escalão alunos:
Mariana Pinto, 4º A
Miguel Pinto, 12º C
Menções honrosas:
Alexandra Garcia, 4º B
Ricardo Rodrigues, 12º B
Escalão professores:
Licínia Martins


Passamos a publicar as cartas vencedoras:

      Minha   querida  amiga Patrícia:


Hoje é dia de S. Valentim
E escrevo esta carta
Porque a nossa amizade
Não tem fim.

Por vezes estamos juntas
A fazer perguntas
E no fim descobrimos
Que sempre nos rimos.

Estarmos juntas faz-me bem
E não te trocaria por nada nem
Por ninguém.

                                    Adoro-te!!!!


Mariana Pinto, 4º A – EB Castêlo da Maia



Monte Kailash, 9 de Fevereiro de 2016
Boa noite, minha Deusa da Lua
Venho interromper o teu sono, já que procuro agradecer condignamente todo o auxílio que me prestas e toda a proteção que me providencias. Na tua imortalidade, encontro um cálido e agradável refúgio, pelo que muito desejo dar-te em troca, sendo eu o teu mais devoto adorador, o teu servo mais dedicado e mais fiel.
Ainda assim, sou nada. Nada mais que uma ínfima fração de toda a tua perfeição e magnificência. Nada mais que um irrisório átomo que, em torno da tua imponência, gira em deleite. Como é tamanha a tua influência nas marés da minha vida, florescendo fugazmente em ofuscante quarto crescente!
No teu santuário, acendi as velas, ansiando desesperadamente pela resposta aos meus delírios, aos meus devaneios e a todas as minhas súplicas. Qual oferenda, arranquei o meu coração e inteiro to entreguei, com a plenitude da minha tão inabalável fé.
Assim, rendi-me aos teus domínios como a presa se rende ao predador, encontrando a nobreza de espírito e a tranquilidade de alma que por tantos equinócios busquei. Desde o dia em que, pela primeira vez, me inspiraste com a tua aparição, descobri, deslumbrado, todo um universo de sentido… um universo do qual me recuso veementemente a sair.
Por agora, só peço que a tua presença se prolongue para lá da eternidade, para lá do infinito, e que, todos os dias, me sussurres ao ouvido “somos só nós dois e nada mais importa”. Bem sabes que te venero com todas as minhas forças! Nem por um segundo hesitarei em ceder ao teu imaculado esplendor! Ad majorem Luna gloriam!
Até ao próximo eclipse,
O teu sacerdote lunar


Miguel Pinto, 12º C – Escola Secundária Castêlo da Maia


Castêlo da Maia, 10 de fevereiro de 2016
Bom dia, meu amor
Acordo a pensar em café. E a lamentar que nunca vou ouvir pessoalmente aquela frase do Clooney: “Nespresso, what else?”. Já sei que a decisão de comprar uma máquina de café Pingo Doce foi tomada a dois, para aproveitar a promoção mas, na época de S. Valentim, concordas que perde um certo encanto. Tu também gostavas muito daquela atriz, a Diane Keaton, enfim tu e o Woody Allen que não a largava para os filmes dele. Na brincadeira costumávamos dizer que ela era tua fã. Isto foi na fase pré Angelina Jolie. A mim o Brad Pitt nunca me impressionou muito mas achei injusto quando o Clooney não conseguiu salvar-se em “The Perfect Storm- Tempestade”. Um filme que mete imensa água, na verdadeira aceção da palavra. Mas do cinema passemos à música. Lembras-te quando tínhamos por hábito cantar rapsódias do José Cid? Fizemo-lo tantas vezes na casa do Castêlo. Depois veio a fase dos apartamentos (até hoje) o que causou sérios constrangimentos. É que nós gostávamos de cantar de madrugada e duvidamos que os vizinhos apreciassem os recitais. Abaixo as casas de cartão que acabaram com A rosa que te dei … ou com O dia em que o rei fez anos. Tivemos também a nossa fase revolucionária em que sabíamos de cor as letras das canções do Sérgio Godinho (sempre Com um brilhozinho nos olhos), do saudoso Zeca Afonso ou mesmo de José Mário Branco: Inquietação, Inquietação, Inquietação, … até à exaustão. Ensinaste-me a gostar dos Pink Floyd e ficarei eternamente agradecida por isso. Quanto aos Queen, Supertramp ou Elton John, já eram preferências comuns. Não foi por acaso que depois de casarmos compramos primeiro a aparelhagem e só muito mais tarde a televisão. Outra paixão que é nossa desde há muito tempo: os livros. Deve ser a mais forte porque, ainda assim, é a mais praticada. Tu gostas de autores portugueses – Saramago, Lobo Antunes, José Rodrigues dos Santos, o consagrado Eça. Deves ter lido quase tudo deste grande autor. Eu comecei muito cedo com o meu pai a recomendar-me Júlio Dinis. Só mais tarde Camilo e Eça. Não gostei muito das Viagens de Garrett que mais parecia um tratado sobre cor dos olhos. Verdes, os de Joaninha. Sim, eu sei que estou a ser tremendamente redutora. A freira do subterrâneo do Camilo fez-me muita impressão na altura e fiquei com pouco apreço pelos conventos. Também leio com entusiasmo Rodrigues dos Santos ou Miguel Sousa Tavares e gosto de Isabel Allende ou Maeve Binchy, mas o preferido de sempre é Zafon (e eu sei que também gostas).

Depois do que nos junta, vamos ao que nos separa. O que poderia ter redundado em divórcio se não fôssemos pessoas comedidas e respeitadoras. E estou a falar das nossas preferências clubísticas, no que diz respeito ao futebol. O teu Benfica e o meu Porto. Sempre rivais. E o nosso menino (sim, recuso-me a deixá-lo crescer) saiu a ti. Não percebo. Herdou da mãe a miopia, a cera nos ouvidos, o acne, a caspa (tudo coisas boas) e a alma não ficou azul e branca. Alguma coisa me falhou neste processo e o meu filho adorado faz parte da família benfiquista. É triste mas é assim.

Começamos a namorar no dia 13 de fevereiro de 1988, demonstrando grande sentido de antecipação e casamos no mesmo ano. Juntos há praticamente 28 anos. Se o amor não é isto, então o que é?
Até logo, meu querido.
Da tua
(Sempre Dragão)
Licínia Martins – Escola Secundária do Castêlo da Maia