Ser Mulher
Sou mulher, uma jovem mulher, que vive há 17 anos numa sociedade machista, onde somos desvalorizadas, humilhadas, desprezadas e violadas.
Onde a nossa voz não é ouvida como gostaríamos, mesmo que gritemos até ficar roucas.
Onde não somos muito mais do que um mero rosto bonito. Onde somos colocadas em segundo plano.
Mas há um dia, apenas um dia em cada ano, em que somos as protagonistas desta trágica história. Onde somos relembradas. Dia 8 de março, o Dia Internacional Da Mulher.
Este dia, no meu ponto de vista, é das datas mais significativas e importantes do Calendário. Não pelas flores e pelos chocolates que recebemos, mas sim porque é uma vitória nesta luta de anos.
Termos um dia, apenas um dia, para mostrar que estamos cá, que somos capazes, que ainda não há igualdade e que precisamos dela, que somos MULHERES, que somos humanos. Um dia em que mostramos que nós também temos vontades, desejos, prioridades e direitos.
Mas como numa qualquer historia há vilões. Até no nosso próprio dia recebemos críticas: “Mas porque existe ainda este dia?”, “Deveria haver o dia internacional do Homem”, “Claro que elas têm um dia! Privilegiadas!´”
A sociedade não vê, ou não quer ver, o que é ser mulher. Precisamos deste dia porque somos nós os 97% de mulheres assediadas no mundo, porque somos nós os maiores casos de violência doméstica, porque somos nós as violadas, porque somos nós que não crescemos profissionalmente porque somos mulheres, porque é a nós, que nos mandam vir pra casa antes do sol se pôr por causa do ”perigo” que se encontra nas ruas, e porque somos nós que colocamos as chaves entre os dedos porque temos medo de andar sozinhas.
Além disso, precisamos deste dia porque pelos olhos da sociedade nós é que somos as culpadas e temos de ouvir comentários como estes: “foste assediada porque não usas roupa decentes”, “Ela apanha do marido porque não se sabe proteger, não é corajosa”, “ele violou-te porque o provocaste”, “Quem te mandou ser vadia?”, “volta para a cozinha”, “quem te paga as contas?”, “ela tem aquele cargo no emprego, porque abriu as perna” e muito, muito mais…
Finalizo perguntando… não Basta? Não chega? Até quando a nossa inteligência, as nossas capacidades, o nosso mérito, a nossa existência vão continuar a ser subestimados!?
Afinal, NÓS somos a próxima geração e ainda vamos a tempo de mudar isto.
Por isso, não escondas a tua filha, educa o teu filho!
Faz isso por todas as mães, filhas, avós…, todas essas fortes mulheres que tu conheces!
Catarina Barbosa 11ºD
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