Nascido no Rio de Janeiro em 1839 e falecido na mesma cidade em 1908, Joaquim Maria Machado de Assis foi o introdutor do Realismo no Brasil e um dos mais importantes autores daquele país, com nove romances e peças teatrais, duzentos contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos e mais de seiscentas crónicas publicados. Foi, também, em 1897, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Trazemos hoje a este espaço um conto completo do autor. Esperamos que gostem.
CONTO ALEXANDRINO
Capítulo I No mar
— O quê, meu caro
Stroibus! Não, impossível. Nunca jamais ninguém acreditará que o sangue de
rato, dado a beber a um homem, possa fazer do homem um ratoneiro. — Em primeiro
lugar, Pítias, tu omites uma condição: — é que o rato deve expirar debaixo do
escalpelo, para que o sangue traga o seu princípio. Essa condição é essencial.
Em segundo lugar, uma vez que me apontas o exemplo do rato, fica sabendo que já
fiz com ele uma experiência, e cheguei a produzir um ladrão... — Ladrão
autêntico? — Levou-me o manto, ao cabo de trinta dias, mas deixou-me a maior
alegria do mundo: — a realidade da minha doutrina. Que perdi eu? um pouco de
tecido grosso; e que lucrou o universo? a verdade imortal. Sim, meu caro
Pítias; esta é a eterna verdade. Os elementos constitutivos do ratoneiro estão
no sangue do rato, os do paciente no boi, os do arrojado na águia... — Os do
sábio na coruja, interrompeu Pítias sorrindo. — Não; a coruja é apenas um
emblema; mas a aranha, se pudéssemos transferi-la a um homem, daria a esse
homem os rudimentos da geometria e o sentimento musical. Com um bando de
cegonhas, andorinhas ou grous, faço-te de um caseiro um viajeiro. O princípio
da fidelidade conjugal está no sangue da rola, o da enfatuação no dos pavões...
Em suma, os deuses puseram nos bichos da terra, da água e do ar a essência de
todos os sentimentos e capacidades humanas. Os animais são as letras soltas do
alfabeto; o homem é a sintaxe. Esta é a minha filosofia recente; esta é a que
vou divulgar na corte do grande Ptolomeu. Pítias sacudiu a cabeça, e fixou os
olhos no mar. O navio singrava, em direitura a Alexandria, com essa carga
preciosa de dois filósofos, que iam levar àquele regaço do saber os frutos da
razão esclarecida. Eram amigos, viúvos e qüinquagenários. Cultivavam
especialmente a metafísica, mas conheciam a física, a química, a medicina e a
música; um deles, Stroibus, chegara a ser excelente anatomista, tendo lido
muitas vezes os tratados do mestre Herófilo. Chipre era a pátria de ambos; mas,
tão certo é que ninguém é profeta em sua terra, Chipre não dava o merecido
respeito aos dois filósofos. Ao contrário, desdenhava-os; os garotos tocavam ao
extremo de rir deles. Não foi esse, entretanto, o motivo que os levou a deixar
a pátria. Um dia, Pítias, voltando de uma viagem, propôs ao amigo irem para
Alexandria, onde as artes e as ciências eram grandemente honradas. Stroibus
aderiu, e embarcaram. Só agora, depois de embarcados, é que o inventor da nova
doutrina expô-la ao amigo, com todas as suas recentes cogitações e
experiências. — Está feito, disse Pítias, levantando a cabeça, não afirmo nem
nego nada. Vou estudar a doutrina, e se a achar verdadeira, proponho-me a
desenvolvê-la e divulgá-la. — Viva Hélios! exclamou Stroibus. Posso contar que
és meu discípulo.
Capítulo II Experiência
Os garotos alexandrinos não
trataram os dois sábios com o escárnio dos garotos cipriotas. A terra era grave
como a íbis pousada numa só pata, pensativa como a esfinge, circunspecta como
as múmias, dura como as pirâmides; não tinha tempo nem maneira de rir. Cidade e
corte, que desde muito tinham notícia dos nossos dois amigos, fizeram-lhes um
recebimento régio, mostraram conhecer os seus escritos, discutiram as suas
idéias, mandaram-lhes muitos presentes, papiros, crocodilos, zebras, púrpuras.
Eles, porém, recusaram tudo, com simplicidade, dizendo que a filosofia bastava
ao filósofo, e que o supérfluo era um dissolvente. Tão nobre resposta encheu de
admiração tanto aos sábios como aos principais e à mesma plebe. E aliás, diziam
os mais sagazes, que outra coisa se podia esperar de dois homens tão sublimes,
que em seus magníficos tratados... — Temos coisa melhor do que esses tratados,
interrompia Stroibus. Trago uma doutrina, que, em pouco, vai dominar o
universo; cuido nada menos que em reconstituir os homens e os Estados,
distribuindo os talentos e as virtudes. — Não é esse o ofício dos deuses?
objetava um. — Eu violei o segredo dos deuses, acudia Stroibus. O homem é a
sintaxe da natureza, eu descobri as leis da gramática divina... — Explica-te. —
Mais tarde; deixa-me experimentar primeiro. Quando minha doutrina estiver
completa, divulgá-la-ei como a maior riqueza que os homens jamais poderão
receber de um homem. Imaginem a expectação pública e a curiosidade dos outros
filósofos, embora
incrédulos de que a verdade
recente viesse aposentar as que eles mesmos possuíam. Entretanto, esperavam
todos. Os dois hóspedes eram apontados na rua até pelas crianças. Um filho
meditava trocar a avareza do pai, um pai a prodigalidade do filho, uma dama a
frieza de um varão, um varão os desvarios de uma dama, porque o Egito, desde os
Faraós até aos Lágides, era a terra de Putifar, da mulher de Putifar, da capa
de José, e do resto. Stroibus tornou-se a esperança da cidade e do mundo.
Pítias, tendo estudado a doutrina, foi ter com Stroibus, e disse-lhe: —
Metafisicamente, a tua doutrina é um despropósito; mas estou pronto a admitir
uma experiência, contando que seja decisiva. Para isto, meu caro Stroibus, há
só um meio. Tu e eu, tanto pelo cultivo de razão como pela rigidez do caráter,
somos o que há mais oposto ao vício do furto. Pois bem, se conseguires
incutir-nos esse vício, não será preciso mais; se não conseguires nada (e pode
crê-lo, porque é um absurdo) recuarás de semelhante doutrina, e tornarás às
nossas velhas meditações. Stroibus aceitou a proposta. — O meu sacrifício é o
mais penoso, disse ele, pois estou certo do resultado; mas que não merece a
verdade? A verdade é imortal; o homem é um breve momento... Os ratos egípcios,
se pudessem saber de um tal acordo, teriam imitado os primitivos hebreus,
aceitando a fuga para o deserto, antes do que a nova filosofia. E podemos crer
que seria um desastre. A ciência, como a guerra, tem necessidades imperiosas; e
desde que a ignorância dos ratos, a sua fraqueza, a superioridade mental e
física dos dois filósofos eram outras tantas vantagens na experiência que ia
começar, cumpria não perder tão boa ocasião de saber se efetivamente o
princípio das paixões e das virtudes humanas estava distribuído pelas várias
espécies de animais, e se era possível transmiti-lo. Stroibus engaiolava os
ratos; depois, um a um, ia-os sujeitando ao ferro. Primeiro, atava uma tira de
pano no focinho do paciente; em seguida, os pés, finalmente, cingia com um
cordel as pernas e o pescoço do animal à tábua da operação. Isto feito, dava o
primeiro talho no peito, com vagar, e com vagar ia enterrando o ferro até tocar
o coração, porque era opinião dele que a morte instantânea corrompia o sangue e
retirava-lhe o princípio. Hábil anatomista, operava com uma firmeza digna do
propósito científico. Outro, menos destro, interromperia muita vez a tarefa,
porque as contorções de dor e de agonia tornavam difícil o meneio do escalpelo;
mas essa era justamente a superioridade de Stroibus: tinha o pulso magistral e
prático. Ao lado dele, Pítias aparava o sangue e ajudava a obra, já contendo os
movimentos convulsivos do paciente, já espiando-lhe nos olhos o progresso da
agonia. As observações que ambos faziam eram notadas em folhas de papiro; e assim
ganhava a ciência de duas maneiras. Às vezes, por divergência de apreciação,
eram obrigados a escalpelar maior número de ratos do que o necessário; mas não
perdiam com isso, porque o sangue dos excedentes era conservado e ingerido
depois. Um só desses casos mostrará a consciência com que eles procediam.
Pítias observara que a retina do rato agonizante mudava de cor até chegar ao
azul claro, ao passo que a observação de Stroibus dava a cor de canela como o
tom final da morte. Estavam na última operação do dia; mas o ponto valia a
pena, e, não obstante o cansaço, fizeram sucessivamente dezenove experiências
sem resultado definitivo; Pítias insistia pela cor azul, e Stroibus pela cor de
canela. O vigésimo rato esteve prestes a pô-los de acordo, mas Stroibus
advertiu, com muita sagacidade, que a sua posição era agora diferente,
retificou-a e escalpelaram mais vinte e cinco. Destes, o primeiro ainda os
deixou em dúvida; mas os outros vinte e quatro provaram-lhes que a cor final
não era canela nem azul, mas um lírio roxo, tirando a claro. A descrição
exagerada das experimentações deu rebate à porção sentimental da cidade, e
excitou a loqüela de alguns sofistas; mas o grave Stroibus (com brandura, para
não agravar uma disposição própria da alma humana) respondeu que a verdade
valia todos os ratos do universo, e não só os ratos, como os pavões, as cabras,
os cães, os rouxinóis, etc.; que, em relação aos ratos, além de ganhar a
ciência, ganhava a cidade, vendo diminuída a praga de um animal tão daninho; e,
se a mesma consideração não se dava com outros animais, como, por exemplo, as
rolas e os cães, que eles iam escalpelar daí a tempos, nem por isso os direitos
da verdade eram menos imprescritíveis. A natureza não há de ser só a mesa de
jantar, concluía em forma de aforismo, mas também a mesa da ciência. E
continuavam a extrair o sangue e a bebê-lo. Não o bebiam puro, mas diluído em
um cozimento de cinamomo, suco de acácia e bálsamo, que lhe tirava todo o sabor
primitivo. As doses eram diárias e diminutas; tinham, portanto, de aguardar um
longo prazo antes de produzido o efeito. Pítias, impaciente e incrédulo, mofava
do amigo. — Então? nada? — Espera, dizia o outro, espera. Não se incute um
vício como se cose um par de sandálias.
Capítulo III Vitória
Enfim, venceu Stroibus! A
experiência provou a doutrina. E Pítias foi o primeiro que deu mostras da
realidade do efeito, atribuindo-se umas três idéias ouvidas ao próprio
Stroibus; este, em compensação, furtou-lhe quatro comparações e uma teoria dos
ventos. Nada mais científico do que essas estréias. As idéias alheias, por isso
mesmo que não foram compradas na esquina, trazem um certo ar comum; e é muito
natural começar por elas antes de passar aos livros emprestados, às galinhas,
aos papéis falsos, às províncias, etc. A própria denominação de plágio é um
indício de que os homens compreendem a dificuldade de confundir esse embrião da
ladroeira com a ladroeira formal. Duro é dizê-lo; mas a verdade é que eles
deitaram ao Nilo a bagagem metafísica, e dentro de pouco estavam larápios
acabados. Concertavam-se de véspera, e iam aos mantos, aos bronzes, às ânforas
de vinho, às mercadorias do porto, às boas dracmas. Como furtassem sem
estrépito, ninguém dava por eles; mas, ainda mesmo que os suspeitassem, como
fazê-lo crer aos outros? Já então Ptolomeu coligira na biblioteca muitas
riquezas e raridades; e, porque conviesse ordená-las, designou para isso cinco
gramáticos e cinco filósofos, entre estes os nossos dois amigos. Estes últimos
trabalharam com singular ardor, sendo os primeiros que entravam e os últimos
que saíam, e ficando ali muitas noites, ao clarão da lâmpada, decifrando,
coligindo, classificando. Ptolomeu, entusiasmado, meditava para eles os mais
altos destinos. Ao cabo de algum tempo, começaram a notar-se faltas graves: —
um exemplar de Homero, três rolos de manuscritos persas, dois de samaritanos,
uma soberba coleção de cartas originais de Alexandre, cópias de leis
atenienses, o 2º e o 3º livros da República de Platão, etc., etc. A autoridade
pôs-se à espreita; mas a esperteza do rato, transferida a um organismo
superior, era naturalmente maior, e os dois ilustres gatunos zombavam de espias
e guardas. Chegaram ao ponto de estabelecer este preceito filosófico de não
sair dali com as mãos vazias; traziam sempre alguma coisa, uma fábula, quando
menos. Enfim, estando a sair um navio para Chipre, pediram licença a Ptolomeu,
com promessa de voltar, coseram os livros dentro de couros de hipopótamo,
puseram-lhes rótulos falsos, e trataram de fugir. Mas a inveja de outros
filósofos não dormia; deu rebate às suspeitas dos magistrados, e descobriu-se o
roubo. Stroibus e Pítias foram tidos por aventureiros, mascarados com os nomes
daqueles dois varões ilustres; Ptolomeu entregou-os à justiça com ordem de os
passar logo ao carrasco. Foi então que interveio Herófilo, inventor da
anatomia.
Capítulo IV Plus Ultra!
— Senhor, disse ele a
Ptolomeu, tenho-me limitado até agora escalpelar cadáveres. Mas o cadáver dá-me
a estrutura, não me dá a vida; dá-me os órgãos, não me dá as funções. Eu preciso
das funções e da vida. — Que me dizes? redargüiu Ptolomeu. Queres estripar os
ratos de Stroibus? — Não, senhor; não quero estripar os ratos. — Os cães? os
gansos? as lebres?... — Nada; peço alguns homens vivos. — Vivos? não é
possível... — Vou demonstrar que não só é possível, mas até legítimo e
necessário. As prisões egípcias estão cheias de criminosos, e os criminosos
ocupam, na escala humana, um grau muito inferior. Já não são cidadãos, nem
mesmo se podem dizer homens, porque a razão e a virtude, que são os dois
principais característicos humanos, eles os perderam, infringindo a lei e a
moral. Além disso, uma vez que têm de expiar com a morte os seus crimes, não é
justo que prestem algum serviço à verdade e à ciência? A verdade é imortal; ela
vale não só todos os ratos, como todos os delinqüentes do universo. Ptolomeu
achou o raciocínio exato, e ordenou que os criminosos fossem entregues a
Herófilo e seus discípulos. O grande anatomista agradeceu tão insigne obséquio,
e começou a escalpelar os réus. Grande foi o assombro do povo; mas, salvo
alguns pedidos verbais, não houve nenhuma manifestação contra a medida.
Herófilo repetia o que dissera a Ptolomeu, acrescentando que a sujeição dos
réus à experiência anatômica era até um modo indireto de servir à moral, visto
que o terror do escalpelo impediria a prática de muitos crimes. Nenhum dos
criminosos, ao deixar a prisão, suspeitava o destino científico que o esperava.
Saíam um por um; às vezes dois a dois, ou três a três. Muitos deles, estendidos
e atados à mesa da operação, não chegavam a desconfiar nada; imaginavam que era
um novo gênero de execução sumária. Só quando os anatomistas definiam o objeto
do estudo do dia, alçavam os ferros e davam os primeiros talhos, é que os
desgraçados adquiriam a consciência da situação. Os que se lembravam de ter
visto as experiências dos ratos, padeciam em dobro, porque a imaginação juntava
à dor presente o espetáculo passado. Para conciliar os interesses da ciência
com os impulsos da piedade, os réus não eram escalpelados à vista uns dos
outros, mas sucessivamente. Quando vinham aos dois ou aos três, não ficavam em
lugar donde os que esperavam pudessem ouvir os gritos do paciente, embora os
gritos fossem muitas vezes abafados por meio de aparelhos; mas se eram
abafados, não eram suprimidos, e em certos casos, o próprio objeto da
experiência exigia que a emissão da voz fosse franca. Às vezes as operações
eram simultâneas; mas então faziam-se em lugares distanciados. Tinham sido
escalpelados cerca de cinqüenta réus, quando chegou a vez de Stroibus e Pítias.
Vieram buscá-los; eles supuseram que era para a morte judiciária, e
encomendaram-se aos deuses. De caminho, furtaram uns figos, e explicaram o caso
alegando que era um impulso da fome; adiante, porém, subtraíram uma flauta, e
essa outra ação não a puderam explicar satisfatoriamente. Todavia, a astúcia do
larápio é infinita, e Stroibus, para justificar a ação, tentou extrair algumas
notas do instrumento, enchendo de compaixão as pessoas que os viam passar, e
não ignoravam a sorte que iam ter. A notícia desses dois novos delitos foi
narrada por Herófilo, e abalou a todos os seus discípulos. — Realmente, disse o
mestre, é um caso extraordinário, um caso lindíssimo. Antes do principal,
examinemos aqui o outro ponto... O ponto era saber se o nervo do latrocínio
residia na palma da mão ou na extremidade dos dedos; problema esse sugerido por
um dos discípulos. Stroibus foi o primeiro sujeito à operação. Compreendeu
tudo, desde que entrou na sala; e, como a natureza humana tem uma parte ínfima,
pediu-lhes humildemente que poupassem a vida a um filósofo. Mas Herófilo, com
um grande poder de dialética, disse-lhe mais ou menos isto: — Ou és um
aventureiro ou o verdadeiro Stroibus; no primeiro caso, tens aqui o único meio
para resgatar o crime de iludir a um príncipe esclarecido, presta-te ao
escalpelo; no segundo caso, não deves ignorar que a obrigação do filósofo é
servir à filosofia, e que o corpo é nada em comparação com o entendimento. Dito
isto, começaram pela experiência das mãos, que produziu ótimos resultados,
coligidos em livros, que se perderam com a queda dos Ptolomeus. Também as mãos
de Pítias foram rasgadas e minuciosamente examinadas. Os infelizes berravam,
choravam, suplicavam; mas Herófilo dizia-lhes pacificamente que a obrigação do
filósofo era servir à filosofia, e que para os fins da ciência, eles valiam
ainda mais que os ratos, pois era melhor concluir do homem para o homem, e não
do rato para o homem. E continuou a rasgá-los fibra por fibra, durante oito
dias. No terceiro dia arrancaram-lhes os olhos, para desmentir praticamente uma
teoria sobre a conformação interior do órgão. Não falo da extração do estômago
de ambos, por se tratar de problemas relativamente secundários, e em todo caso
estudados e resolvidos em cinco ou seis indivíduos escalpelados antes deles.
Diziam os alexandrinos que os ratos celebraram esse caso aflitivo e doloroso
com danças e festas, a que convidaram alguns cães, rolas, pavões e outros
animais ameaçados de igual destino, e outrossim, que nenhum dos convidados
aceitou o convite, por sugestão de um cachorro, que lhes disse
melancolicamente: — "Século virá em que a mesma coisa nos aconteça".
Ao que retorquiu um rato: "Mas até lá, riamos!"
Sem comentários:
Enviar um comentário