Aos 75 anos de idade, Bob Dylan foi agraciado com o Nobel da Literatura. Trata-se de uma escolha polémica, defendida, por um lado, pelos que consideram vir na tradição do trabalho de autores como William Shakespeare, e atacada, por outro, por quem salienta tratar-se de um músico e não de um escritor no sentido mais clássico do termo. A questão-base é que the times they are a-changin'.
A verdade é que, bem feitas as contas, Dylan poderá ter mais merecimento do que alguns vencedores anteriores como o iconoclasticamente desesperado Camilo José Cela ou o meramente político Alexander Soljenitsin. Até ao momento, o autor ainda não se pronunciou quanto ao prémio. Na Biblioteca do Castêlo, esperamos sinceramente que não siga o exemplo de Sartre que, num gesto datado de snobismo, recusou, em 1964, a honra proporcionada pelo Comité.
Dylan conta, naturalmente, com inúmeras biografias. Para quem quiser conhecer melhor a personagem, em lugar de recomendarmos Chronicles, que se tornou um lugar-comum em termos de recomendação, chamamos a atenção para Behind the Shades - The 20th Anniversary Edition, de Clinton Heylin, provavelmente a obra mais completa até hoje escrita sobre o longo percurso do autor. Editado em 2011 pela Faber & Faber, conta com 931 páginas de uma investigação aturada e não faz favores a ninguém. A ler.
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