segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Concurso "Conto à Vista"

 Os Vencedores


Até onde o destino nos levar 

     Em tempos que já lá vão, tempos esses mais antigos até que os nossos bisavós, viviam na cidade do Porto dois meninos gémeos, Samuel e Bartolomeu. Viviam com os seus avós numa casinha humilde perto da margem, habituados à pobreza e ao trabalho duro no campo. O Porto é banhado pelo grande Rio Douro, e é nas margens desse rio, à sombra das grandes árvores que lá existem, que os dois meninos costumam fazer grandes planos para o futuro, para uma vida melhor. 

     Numa manhã ensolarada de domingo, Samuel e Bartolomeu encontravam-se a tomar banho no rio, pendurados numa longa corda utilizada para marcar o local a partir do qual já era muito fundo e que provavelmente não se teria pé. Olhavam de maneira sonhadora para um grande barco de mercadorias que iria partir dali a pouco tempo em direção à América. 

- Samuel… podes achar que estou doido… mas e se entrássemos no barco e saíssemos na terra em que as mercadorias fossem descarregadas? – perguntou Bartolomeu com os olhos a brilhar. 

- Mas… e os avós, e a nossa terra? – relembrou Samuel. 

- Eu não quero este tipo de vida. Sem condições, a trabalhar no campo de sol-a-sol... E tenho a certeza que tu também não. E o que é que haveremos de perder? Seremos sempre tu e eu, até onde o destino nos levar. – encorajou Bartolomeu, cheio de confiança. 

-Realmente... não é isto o que eu quero para mim. Isso mesmo… até onde o destino nos levar. – assentiu Samuel lembrando-se das tardes que passara a lavrar o campo. 

     A nado, foram aproximando-se do barco, formando um plano. Ao entrarem, iriam separar-se de maneira a não serem apanhados, combinando que, quando o barco chegasse ao seu destino, iriam encontrar-se lá. Assim fizeram, indo em direções opostas. Samuel escondeu-se atrás de uns grandes barris, enquanto Bartolomeu não encontrava nenhum local para se esconder. Depois de algum tempo, sente alguém a tocar-lhe no ombro, apercebendo-se, depois, que era um dos seguranças do barco. 

 - Contrabandistas nojentos… – disse o segurança agarrando no braço de Bartolomeu. Levou-o para fora do barco e, atravessando as margens do rio, dirigiu-se à corda onde os irmãos tinham fito o promissor plano. Pendurou-o na corda e, sem piedade, tirou do bolso uma faca que espetou no pobre rapaz. Rindo-se, atirou o corpo para a água voltando para o barco. 

     Passado algum tempo, o barco iniciou a sua viagem, parando só no final da tarde. Samuel saiu, esperando pelo irmão, sem saber o que lhe tinha acontecido. Ao escutar a conversa de uma mulher, percebeu que se encontrava no estado de Arkansas. 

      Já o sol estava a pôr-se, e Samuel não via o irmão. Aproximou-se de novo do barco, com a intenção de entrar, até que ouviu umas vozes que lhe chamaram à atenção: 

-Estes contrabandistas!... Já hoje apanhei um miúdo de cabelo moreno. Peguei nele, pendurei-o na corda, e matei-o à facada. Pode ser que assim os familiares do pequeno vejam, espalhem a notícia, e assim os outros contrabandistas aprendam. – disse o segurança. 

     Olhando para o seu cabelo moreno, Samuel sentiu cada um dos seus membros gelarem. Tinham matado o seu querido irmão. Sentou-se de joelhos no chão, chorando pela sua morte, sussurrando “Até onde o destino nos levar”. 

 8.º G – Grupo de alunos: Bárbara Gonçalves (5), Bernardo Azevedo (9), Santiago Ferreira (25) e Sofia Ferreira (26)

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