quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Concurso de Cartas de Amor primou pelo romantismo, bom gosto e qualidade de escrita.
Os nossos parabéns aos dignos vencedores!
Escalão alunos:
Mariana Pinto, 4º A
Miguel Pinto, 12º C
Menções honrosas:
Alexandra Garcia, 4º B
Ricardo Rodrigues, 12º B
Escalão professores:
Licínia Martins


Passamos a publicar as cartas vencedoras:

      Minha   querida  amiga Patrícia:


Hoje é dia de S. Valentim
E escrevo esta carta
Porque a nossa amizade
Não tem fim.

Por vezes estamos juntas
A fazer perguntas
E no fim descobrimos
Que sempre nos rimos.

Estarmos juntas faz-me bem
E não te trocaria por nada nem
Por ninguém.

                                    Adoro-te!!!!


Mariana Pinto, 4º A – EB Castêlo da Maia



Monte Kailash, 9 de Fevereiro de 2016
Boa noite, minha Deusa da Lua
Venho interromper o teu sono, já que procuro agradecer condignamente todo o auxílio que me prestas e toda a proteção que me providencias. Na tua imortalidade, encontro um cálido e agradável refúgio, pelo que muito desejo dar-te em troca, sendo eu o teu mais devoto adorador, o teu servo mais dedicado e mais fiel.
Ainda assim, sou nada. Nada mais que uma ínfima fração de toda a tua perfeição e magnificência. Nada mais que um irrisório átomo que, em torno da tua imponência, gira em deleite. Como é tamanha a tua influência nas marés da minha vida, florescendo fugazmente em ofuscante quarto crescente!
No teu santuário, acendi as velas, ansiando desesperadamente pela resposta aos meus delírios, aos meus devaneios e a todas as minhas súplicas. Qual oferenda, arranquei o meu coração e inteiro to entreguei, com a plenitude da minha tão inabalável fé.
Assim, rendi-me aos teus domínios como a presa se rende ao predador, encontrando a nobreza de espírito e a tranquilidade de alma que por tantos equinócios busquei. Desde o dia em que, pela primeira vez, me inspiraste com a tua aparição, descobri, deslumbrado, todo um universo de sentido… um universo do qual me recuso veementemente a sair.
Por agora, só peço que a tua presença se prolongue para lá da eternidade, para lá do infinito, e que, todos os dias, me sussurres ao ouvido “somos só nós dois e nada mais importa”. Bem sabes que te venero com todas as minhas forças! Nem por um segundo hesitarei em ceder ao teu imaculado esplendor! Ad majorem Luna gloriam!
Até ao próximo eclipse,
O teu sacerdote lunar


Miguel Pinto, 12º C – Escola Secundária Castêlo da Maia


Castêlo da Maia, 10 de fevereiro de 2016
Bom dia, meu amor
Acordo a pensar em café. E a lamentar que nunca vou ouvir pessoalmente aquela frase do Clooney: “Nespresso, what else?”. Já sei que a decisão de comprar uma máquina de café Pingo Doce foi tomada a dois, para aproveitar a promoção mas, na época de S. Valentim, concordas que perde um certo encanto. Tu também gostavas muito daquela atriz, a Diane Keaton, enfim tu e o Woody Allen que não a largava para os filmes dele. Na brincadeira costumávamos dizer que ela era tua fã. Isto foi na fase pré Angelina Jolie. A mim o Brad Pitt nunca me impressionou muito mas achei injusto quando o Clooney não conseguiu salvar-se em “The Perfect Storm- Tempestade”. Um filme que mete imensa água, na verdadeira aceção da palavra. Mas do cinema passemos à música. Lembras-te quando tínhamos por hábito cantar rapsódias do José Cid? Fizemo-lo tantas vezes na casa do Castêlo. Depois veio a fase dos apartamentos (até hoje) o que causou sérios constrangimentos. É que nós gostávamos de cantar de madrugada e duvidamos que os vizinhos apreciassem os recitais. Abaixo as casas de cartão que acabaram com A rosa que te dei … ou com O dia em que o rei fez anos. Tivemos também a nossa fase revolucionária em que sabíamos de cor as letras das canções do Sérgio Godinho (sempre Com um brilhozinho nos olhos), do saudoso Zeca Afonso ou mesmo de José Mário Branco: Inquietação, Inquietação, Inquietação, … até à exaustão. Ensinaste-me a gostar dos Pink Floyd e ficarei eternamente agradecida por isso. Quanto aos Queen, Supertramp ou Elton John, já eram preferências comuns. Não foi por acaso que depois de casarmos compramos primeiro a aparelhagem e só muito mais tarde a televisão. Outra paixão que é nossa desde há muito tempo: os livros. Deve ser a mais forte porque, ainda assim, é a mais praticada. Tu gostas de autores portugueses – Saramago, Lobo Antunes, José Rodrigues dos Santos, o consagrado Eça. Deves ter lido quase tudo deste grande autor. Eu comecei muito cedo com o meu pai a recomendar-me Júlio Dinis. Só mais tarde Camilo e Eça. Não gostei muito das Viagens de Garrett que mais parecia um tratado sobre cor dos olhos. Verdes, os de Joaninha. Sim, eu sei que estou a ser tremendamente redutora. A freira do subterrâneo do Camilo fez-me muita impressão na altura e fiquei com pouco apreço pelos conventos. Também leio com entusiasmo Rodrigues dos Santos ou Miguel Sousa Tavares e gosto de Isabel Allende ou Maeve Binchy, mas o preferido de sempre é Zafon (e eu sei que também gostas).

Depois do que nos junta, vamos ao que nos separa. O que poderia ter redundado em divórcio se não fôssemos pessoas comedidas e respeitadoras. E estou a falar das nossas preferências clubísticas, no que diz respeito ao futebol. O teu Benfica e o meu Porto. Sempre rivais. E o nosso menino (sim, recuso-me a deixá-lo crescer) saiu a ti. Não percebo. Herdou da mãe a miopia, a cera nos ouvidos, o acne, a caspa (tudo coisas boas) e a alma não ficou azul e branca. Alguma coisa me falhou neste processo e o meu filho adorado faz parte da família benfiquista. É triste mas é assim.

Começamos a namorar no dia 13 de fevereiro de 1988, demonstrando grande sentido de antecipação e casamos no mesmo ano. Juntos há praticamente 28 anos. Se o amor não é isto, então o que é?
Até logo, meu querido.
Da tua
(Sempre Dragão)
Licínia Martins – Escola Secundária do Castêlo da Maia

1 comentário:

  1. Ola, muito bom artigo, obrigado!

    Na realidade, criamos recentemente um infográfico, explicando como organizar e criar uma boa carta de amor.

    Caso tenha interesse em obter mais informações, entre em contato conosco.

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