Vejam uma amostra dos poemas que os nossos alunos, professores e funcionários criaram a partir do primeiro verso de alguns poemas de poetas portugueses e de expressão portuguesa:
Chovia e vi-te entrar no mar
Admirei a
tua coragem e
Senti o
brilho do teu olhar.
Esperei que
saísses para
Te aquecer
com um simples
Abraço, o
nosso abraço…
Que alegria
imensa
Ana
Eis o poema original:
Chovia e vi-te entrar no mar
|
ó meu amor o
teu olhar
o meu olhar
o teu amor
Mais tarde
olhei-te e nem te conhecia
Agora aqui
relembro e pergunto:
Qual é a realidade
de tudo isto?
Afinal onde
é que as coisas continuam
e como é que
continuam se é que continuam?
Apenas
deixarei atrás de mim tubos de comprimidos
a casa
povoada o nome no registo
uma menção
no livro das primeiras letras?
Chovia e
vi-te entrar no mar
ó meu amor o
teu olhar
o meu olhar o teu amor
Que importa
que algures continues?
Tudo morreu:
tu eu esse tempo esse lugar
Que posso eu
fazer por tudo isso agora?
Talvez dizer
apenas
Chovia e
vi-te entrar no mar
E aceitar a
irremediável morte para tudo e todos
Ruy Belo, Através da chuva e da névoa, in Na Margem da Alegria
Se meu dinheiro não
chega
Vou continuar a viver
Dinheiro não traz felicidade
Mas com ele podemos sobreviver.
Se meu dinheiro não
chega
Desistir nem pensar
Vou lutar por um emprego
Para começar a ganhar.
Aluno anónimo
E agora o original:
Se meu dinheiro não chega
para sentir o prazer de dar
a quem não tem nenhum
então de que me serve
de vez em quando dar
algum?
Por isso, Maria, me chamas
numa ironia muito tua
Zé rei dos pobres.
José Craveirinha, Se meu dinheiro não chega, in Maria
Com uma lente de
aumento
E uma armada de neurónios
Ciência de alento
Acabaram-se os demónios!
Acabaram-se os cabos,
Os monstros do Escuro,
Com uma lente de aumento
A luz eu seguro
Docente anónimo
Este é o original:
|
avidamente o
tempo
sobre linhas
de lábios omitindo
a língua no
castelo
onde os
dentes ao toque de outros lábios
como guardas
de um símbolo hão-de
abrir-se
olhos na
margem vendo-me, cabelo
quase abstracto prevenindo-me
do futuro
das mãos por enquanto
retido
Gastão da Cruz, Com uma lente, in Rua de Portugal
Mudam-se os
tempos
Mudam-se as
vontades
Mudam-se os
ventos
Mudam-se as
tempestades.
Foge o fugaz
tempo sem dono
Nega o homem
o relógio
Vêm mais
horas e parte para o sono
O homem infinitamente efémero
Aluno anónimo
E, claro, o soneto de Camões:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
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