O norte-americano Ezra Pound nasceu em 1885 e faleceu em 1972, tendo sido um dos grandes nomes do Modernismo, nomeadamente da corrente Imagística, procedente da poesia clássica da China e do Japão, corrente essa marcada pela contenção, a clareza e a precisão. O seu maior pecado terá sido o apoio concedido a Benito Mussolini e mesmo a Hitler, na sequência da desilusão sofrida com a carnificina da Grande Guerra. Por outro lado, amigo dos seus amigos, desempenhou um importante papel no trazer a público de personalidades marcantes da vida literária como TS Eliot, James Joyce, Robert Frost e Ernest Hemingway.
Quando as forças aliadas desembarcaram em Itália, em 1945, Pound foi acusado de traição e detido num campo de prisioneiros em Pisa, nomeadamente na solitária durante semanas, na sequência do que viria a sofrer de um forte esgotamento. Tido como inimputável, logo não tendo sido submetido a julgamento, acabaria por passar os doze anos subsequentes no hospital psiquiátrico de St. Elizabeth, em Washington D.C..
Acerca dele, Hemingway escreveu: "O melhor da escrita de Pound - que se encontra nos Cantos - durará enquanto houver literatura à face da terra". Foi precisamente pelos Cantos de Pisa, cuja escrita iniciou durante o seu encarceramento, que a Livraria do Congresso lhe outorgou o Prémio Bollingen, em 1949.
Apenas viria a ser libertado em 1958 em resultado de uma campanha desenvolvida pela comunidade literária e, em consequência das suas ideias políticas, manteve-se sempre um autor controverso. Regressou a Itália e lá viveu até ao momento da sua partida deste mundo. Legou-nos mais de setenta obras.
Em homenagem a quem foi um grande poeta, independentemente dos seus ideais políticos, trazemos-vos hoje o poema Saudação, numa tradução do poeta brasileiro Mário Faustino, falecido em 1932, no Peru, em resultado de um desastre de aviação, com apenas 32 anos de idade:
Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com as suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto os seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado os seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.
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