Estou. O "amor" não é mais do que delicadamente estar. Foi o que aprendi ao longo destes dezassete anos no teu colo.
Mas chamar-lhe amor? Será uma frivolidade?
O que sinto transborda tudo o que existe e até o que não existe. Na minha finita existência, o infinito não basta para me expressar. Vem antes de mim e vai para além de mim.
És o sentido.
E agora que a vida me puxa para longe de ti, não desejo nada mais do que simplesmente ter-te como minha eterna companhia. Afinal, qual é o sentido sem o nosso sentido?
Sabes, chega a ser injusto este destino do Homem. Ter de aprender a ter-te sem verdadeiramente te ter. Ainda não é o tempo.
Mas é eterno o tempo da felicidade que me causas.
Sei lá. As coisas são como têm de ser. E há muitas coisas.
Há a certeza de que entre nós não há fim. De que maneira for, tu avó, estarás aqui. Em mim. Fora de mim. Em toda a parte.
Mas, chamar-lhe amor? Não sei o que cabe no amor. E isto, talvez, não cabe nem no tudo.
É só, simplesmente só.
Tudo e mais além.
J.